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sexta-feira, 30 de outubro de 2015

Dia das Bruxas

Bruxa Pré-adolescente fez sozinha esta grande e maléfica produção. Porque a mãe este ano não foi capaz.
FOTO: A Família Numerosa

Assim mesmo, em Português.
A língua inglesa cai sempre bem, mas eu sou pelo Dia das Bruxas e não pelo Halloween.

Outubro acaba amanhã e estes têm sido dias incrivelmente duros.

Faço de tudo um pouco para não admitir que a vida, por uns tempos, não vai ser igual ao que era.
A minha mãe recupera, mas as limitações são evidentes e as dificuldades gigantescas. É uma luta constante, há melhoras num dia, e recuos brutais no outro. Ela sofre e todos nós sofremos porque depois de sobreviver vem o trabalho mais difícil. E também mais demorado.

Nos primeiros dias, flutamos na bolha poderosa da adrenalina da sobrevivência . Queremos dar graças por tudo, a sensibilidade está à flor da pele - dizemos a toda a hora 'amo-te tanto', 'és tão importante', 'não posso viver sem ti', 'luta por mim', 'vais conseguir', 'vais melhorar', 'não tarda vais para casa'. Olhamos para o céu e ele está cinzento, mas preferimos deter-nos no bando de papagaios loucos, que são verdes, como a esperança, e que andam por ali a fazer razias aos carros, nos parques de estacionamento do Santa Maria.
E depois essa adrenalina esbate-se, fica em lume brando, e o cansaço, pela primeira vez em muitos meses, põe um pezinho fora de casa, e começa a fazer das suas, devagar, devagarinho, vai soltando as gânfeas.

As bebés, que lindas, têm um sexto sentido, anteninhas sensitivas. Que crescidas e responsáveis.
De um momento para o outro, a Isaurinha, que nunca dormira mais do que três horas seguidas, e todas elas ao meu lado, na minha cama, passou a repousar entre oito a onze horas por noite, no seu quarto, dentro do seu berço novo, quase a estrear. Já a Aurorinha decidiu que não quer usar fraldas e, também de um momento para o outro, sem qualquer intervenção parental, decidiu que o controlo dos esfíncteres era prioritário e banal.

Filhinhas queridas, também elas souberam que tinham que dar um pequenino contributo para que estes dias estranhos e difíceis, em que vimos a vida toda revirada, passem depressa para que tudo volte em breve a uma nova normalidade.

A Família está ainda em modo de emergência: dividimos tarefas, revezamo-nos nas responsabilidades acrescidas que agora temos.
Há quase um mês que não vamos todos nadar, uma das nossas rotinas quase diárias de prazer.
Este ano não fiz uma mega-produção de Dia das Bruxas (apenas a Carolina, que já tem idade para se desenvencilhar fez esta produção maléfica).
Isto não é um queixume. É um pedido às bruxas e a todos os Santos que se seguem, e também ao São Martinho, para que nos traga rápido o seu Verão.

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