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terça-feira, 12 de maio de 2015

Cocóóóó!!!!


Verão 2014, Pouves, São Pedro do Sul. Com ou sem mosca? A realidade é mesmo assim, imperfeita, mas a Aurora mantém sempre a pose. Foto: A Família Numerosa

Eu julgava que ia ser imune a estas ridicularias, quase frígida em relação ao orgulho desmedido e desproporcionado dos feitos básicos dos meus filhos: 'Ahhhhh, comeu a primeira sopa? E então, qual é a dificuldade: está tudo parvo ou quê??? Tivesse comido o seu primeiro Beluga ainda percebia a menção honrosa, digna de registo no livro do bebé, de uma conversa de almoço de domingo... Agora, uma sopa sem sal e sem grande sabor, espalhada por todos os centímetros quadrados da superfície da pele e roupa do bebé, honestamente não via como isso provocaria em mim um efeito electrizante ao do amor, aquele que nos pode pôr patetas a este ponto.

Achei-me superior, meia emproada e com algum orgulho nisso, uma mãe-rainha que lá do alto do trono guardaria o peito inchado e emproado para as grandes façanhas da sua prole, para as suas grandes vitórias que alterariam o curso do mundo.
E depois explodiu-me a realidade em frente aos olhos.
Saiu-me o tiro pela culatra: sou do piorio, não me canso de fazer figuras tristes, escorro baba e não trago babete ao pescoço, transpiro orgulho por tudo, mesmo tudo o que eles fazem, e não há Rexona que me valha!!! E já seria dose cavalar com a pacata média de 1,3 filhos por cada português. Mas trago este fado às costas: multiplico por quatro a mãezite aguda!!!

Acho - mas não posso jurar - que aquilo que nunca me apanharão a fazer na vida é a cantar - e muito menos comprar - as músicas do Carica, a Xana Toc-Toc, e o Panda: cá em casa levam essencialmente com Bach, Chopin, Mozart e Satie, que é música para todos os ouvidos, de todas as idades, que não implica coreografias imbecis e pais a descerem a sua idade mental para lá do que eu acho aconselhável sem danos neurológicos permanentes.

Mas a Aurora fez hoje o seu primeiro cócó. E eu já não posso garantir estar nas minhas plenas capacidades (sei lá eu bem quando foi que os meus dois primeiros filhos fizeram cócó??? Temo que talvez todas as teorias como os primeiros filhos são uns privilegiados estejam rotundamente erradas... Não me lembro de patavinas destes feitos fisiológicos fantásticos dos dois primeiros!)

Sentámo-la na sanita (nada de redutores, ao terceiro e ao quarto filho, lamento mas já não há cá maricagens dessas) e ela, imitando os elementos minoritários do sexo masculino cá de casa, pediu um livro, para a concentração que o momento exigia. O livro era o das aventuras de uma zebra chamada Luís que andava na selva (infelizmente, ou felizmente até, não era uma tradução do pai, dava logo azo a dizer que era uma tradução de me***) e, de repente, sem ninguém prever, plof, um cheirete que nada tinha a ver com rosas ou pó de talco do ambientador automático. Ficámos todos doidos de alegria, dentro da pequenina casa-de-banho, todos enfiados, contorcidos, a dançar uma espécie de dança da chuva índia, perante o ar seráfico da Aurora que não se apercebeu do porquê do escarceu.

Queria também dizer que a Isaura ontem comeu mais do que todos os irmãos juntos. Mas até parece mal, num post de cócó, não parece?

[e se este blog tiver a longevidade interminável que eu gostava que tivesse, os meus filhos vão me odiar tanto!]

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